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Os Lusíadas do SWR XX

Os Lusíadas do SWR XX

Nero

Apresentamos as bandas portuguesas no cartaz do SWR Barroselas Metalfest. Do brutal death metal ao d-beat.

Este ano, o SWR Barroselas MetalFest celebra o seu vigésimo aniversário. Com os Mayhem como headliners, um concerto muito esperado no festival, por todas as razões e mais algumas,  sobressai no cartaz a enorme presença e qualidade de bandas portuguesas. A AS tem maiores expectativas sobre os concertos de The Ominous Circle, Corpus Christii e Stone Dead, bandas cujos álbuns (todos editados em 2017) se distinguem já dentro do seu estilo musical para figurar nas listas de “melhores do ano”. Mas concertos de veteranos como Holocausto Canibal e Grog ou a ferocidade de Besta e Systemik Violence, devem ser sublinhados no programa do festival. Eis todas as bandas portuguesas do SWR XX.

No dia de recepção ao campista sucede a “batalha de bandas”. Analepsy, Deadlyforce, Destroyers Of All e Toxikull sobem a palco para lutar pela oportunidade de ir tocar ao Wacken Open Air. Do brutal death metal ao clássico thrash e heavy metal, o ecletismo do festival e o seu único dogma (peso), são latentes na primeira noite.

Independentemente dos preconceitos que um género como o grind possa criar, Holocausto Canibal é uma das grandes bandas ao vivo do nosso país, com uma rodagem imensa e grande ligeireza técnica de cada um dos elementos, que soam realmente juntos, com aquela densidade de som trancada, em vez de embrulhada e confusa como sucede tantas vezes no género.

Implacável, a ferocidade de Besta é alimentada por um tremendo savoir faire do line-up. A coesão da banda advém da bastardia de um certo balanço death n’ roll dos We Are The Damned e violência sanguinária do frontman. Demência, horror e… punk, é o que podem esperar.

The Ominous Circle. Uma pérola do underground. As identidades ocultas revelam músicos que, em “Appalling Ascension”, criaram um álbum com um peso sonoro esmagador e um ritualismo que percorre estéticas do brutal death metal, passando pelo sludge, até ao black metal. É um dos discos do ano, dentro das sonoridades extremas, e o concerto, com o selo Signal Rex, um dos geradores de maiores expectativas no SWR.

Enlighten é mais um concerto com o selo da curadoria Signal Rex, onde se espera ouvir os sons do 7” previsto para Junho, “Illvmantithesis”, onde o black metal cruzado com linhas melódicas do death metal ganha um sentido épico nos temas “Shroud Of Ash” e “Pallor”.

Grog. Os “Reis” do death/grind nacional. Com a propulsão das baterias de Rolando Barros, não há banda no nosso panorama que consiga atingir maiores picos de brutalidade sonora. Já com o carisma de veteranos, levam ao SWR o novo álbum “Ablutionary Rituals”.

A história (trágica) dos Goldenpyre mistura-se com a do próprio festival. Por todos os motivos, poder ouvir, tantos anos depois, o death metal obscuro do álbum “In Eminent Disgrace”, finalmente editado, será uma viagem no tempo e um dos momentos obrigatórios do SWRAlcoholocaust são um clássico do underground nacional, radicalista de speed e thrash metal sem quaisquer adornos. Como a comunicação do festival refere: «As suas raras aparições nos palcos irão tornar isto num concerto especial».

Systemik Violence. D-beat e uma porqueira punk sem quaisquer escrúpulos. O que há para não gostar?

Com o selo da ragingplanet, a sonoridade instrumental de Vircator é associada naturalmente aos universos post e prog. O álbum “At The Void’s Edge”, de 2015, promete ser executado num pináculo de maturação em palco. My Master The Sun é outra das bandas ragingplanet, “A Arte da Desobediência”, álbum de 2016, mistura de forma dinâmica várias correntes musicais. Temas de ritmos sólidos e trancados e abertos à exploração de efeitos sonoros.

Principalmente desde “Luciferian Frequencies”, os Corpus Christii adoptaram, mais abertamente, uma maior postura rock n’ roll na sua ortodoxia black metal. Isso redimensionou a sua sonoridade e podem ter a certeza que, em termos de som e produção, poucas bandas ocupam tão bem um palco do SWR. “Delusion” é o excelente e novo álbum, que estará no centro da actuação.

Vai-te Foder. Basta lembrar o concerto de 2014: «A banda começa a ir ao sítio e já se nota mais que “rebaldaria por rebaldaria” em temas como “Degredo-core”, “Bófia De Merda” ou “Rock No Canoa”, mas passou o concerto inteiro a debater-se com 3.647 punks em cima de palco, crowd surf a um cão, no local onde deviam estar os dois vocalistas, um par de local natives a dançar rancho e a exibir bigodaças (um arriscou mesmo bailar com uma punk, tendo os dois aterrado em cima da pedaleira do guitarrista)… enfim, até a Mara andou em cima do palco!»

A tresandar à subcultura a mod, o álbum “Good Boys”,  que irá certamente figurar nas listas do ano, é aquela “rockalhada” com o selo Lovers & Lollypops.