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Tudo sobre o novo documentário de Kurt Cobain

Tiago Varzim

“Kurt Cobain: Montage of Heck” estreou no Sundance Film Festival e começou a dar que falar pelo mundo fora. O documentário final só vai ser lançado a 4 de maio, na HBO, o qual vai ser acompanhado por um livro lançado a 7 de abril.

Brett Morgen, realizador e “Montage of Heck”, e Frances Bean Cobain, filha de Cobain e produtora-executiva do documentário, trazem trunfos para conquistar os fãs: o documentário contém uma cover acústica de “And I Love Her”, dos Beatles, na voz de Kurt Cobain, assim como muitas outras gravações do artista, onde este também fala sobre a sua obra. Para o realizador, a chave do filme foi mesmo a filha do vocalista dos Nirvana: “ela é a cola, o filme é para ela”. “Eu e a Frances partilhámos exatamente da mesma visão sobre o que o documentário deveria ser“, argumentou Morgen.

Foram mais de oito anos de trabalho de Morgen à volta da vida de Cobain. Tanto tento que o realizador revelou que quando acabou de corrigir a cor do documentário, há uma semana atrás, foi para a casa-de-banho e chorou durante 25 minutos. Mas explicou: “Eu não estava a chorar a morte do Kurt (…) Eu estava a chorar porque não vou poder passar mais tempo com ele. Nos últimos dois anos da minha vida ele foi tudo para mim“, assegurou. “Ficou o mais íntimo possível (…) quanto mais o conheces, mais o vais adorar“, afirmou Morgen.

Dave Grohl: in or out?

Sobre o resultado final, as reações não tardaram a chegar: “Formidável“, classificou o baixista Krist Novoselic, companheiro de Cobain nos Nirvana.  Novoselic é um dos entrevistados no documentário, assim como Courtney Love, a mulher, e os pais de Cobain. Mas parece haver um excluído: Dave Grohl, o baterista dos Nirvana. O baterista, na verdade, foi entrevistado para o filme mas não foi a tempo de ser incluído na versão enviada para o Sundance Film Festival. As declarações foram gravadas neste mês de janeiro pelo que não foram incluídas nesta primeira versão, mas em princípio estarão na versão emitida pela HBO.

Tommaso Boddi/Getty Images for HBO

Tommaso Boddi/Getty Images for HBO

“Kurt Cobain: Montage of Heck” – as revelações

A imprensa internacional descreveu o filme como uma mistura de vídeos caseiros, páginas do diário pessoal de Cobain, desenhos, rabiscos no seu caderno e ainda gravações de áudio (versões embrião de música que depois viriam a ficar conhecidas para sempre), sem faltarem entrevistas antigas e vídeos de concertos. E porquê “Montage of Heck”? É o nome de uma das muitas mixtapes que Cobain deixou em espólio.

Há vários momentos que marcam o documentário, mas uns mais marcantes do que outros: aos 4 anos, o ainda pequeno artista já tinha uma guitarra de brincar, assim como um piano e uma bateria; aos 9 anos, os pais divorciaram-se e, por causa disso, a obsessão da vida de Cobain foi sempre ter uma vida ordeira com papéis claramente definidos; a primeira vez que ingeriu heroína foi em 1987; era um homem de listas, entre elas há uma que dita as 6 coisas necessárias no videoclip da aclamada “Smells Like Teen Spirit”; não gostava de falar para a imprensa e dizia que a sua música falava por si.

Eu não queria fazer uma celebração da sua morte… eu queria fazer uma celebração da sua vida

No doc té há um vídeo de um coro de crianças a interpretarem a canção mais conhecida dos Nirvana: “Smells Like Teen Spirit”. Ao contrário do que uma estrela de rock’n’roll possa passar para a opinião pública, Cobain foi sempre um pai atento. Um dos objetivos do documentário, explicou Brett Morgen, foi mostrar que Kurt Cobain não era o “porta-voz de uma geração“: “ele era um ser humano, um marido e um pai“. Num retrato pessoal e familiar, “Montage of Heck” mostra momentos familiares de felicidade, mas também a instrospeção de um homem escrutinado por todos.

Imagem da animação do documentário revelada por Brett Morgen.

Imagem da animação do documentário revelada por Brett Morgen.

Há uma página do diário que é um profundo pedido de ajuda: a frase “vai-te matar” aparece escrita repetidamente em todo o espaço branco. No final, a imprensa internacional escreve que o espetador fica com a sensação de que Kurt Cobain teria gostado do documentário. “Eu não queria fazer uma celebração da sua morte… eu queria fazer uma celebração da sua vida“, referiu o realizador.

O filme termina com Kurt Cobain a agradecer ao público do MTV Unplugged no dia 18 de novembro em 1993.