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AS10 Reverence Valada: Concertos obrigatórios

AS10 Reverence Valada: Concertos obrigatórios

Pedro Miranda

A terceira edição do Reverence Festival Valada está aí à porta, e retorna entre 8 e 10 de Setembro ao Parque das Merendas de Valada, oferecendo um alternativa de peso aos grandes festivais de verão realizados por este país fora.

Oficialmente auto-denominado de “melhor festival underground do sul da Europa”, e não-oficialmente estimado pelos seus fãs como o evento de maior personalidade do país, o Reverence fez por merecer os seus cognomes: despido de grandes patrocinadores e encabeçado pelo gosto direccionado do seu criador, Nick Allport, o festival destacou-se pelo seu gosto pelo stoner, psych, doom, shoegaze, punk prog, trazendo nomes de notável dimensão ao país como Electric Wizard, Sleep, Hawkwind Amon Duul II, e preparando-se agora para nova edição encabeçada por The Sisters of MercyThe Brian Jonestown Massacre. Com o fim da semana já à vista, compilamos agora dez nomes (uns maiores, outros nem tanto) de que não deverias prescindir na tua visita a Valada.

Sun Mammuth | Dia 8 | 18h10 | Palco Rio
Recentes adições ao círculo de festivais de verão nacionais, os Sun Mammuth podem não ser um nome familiar à maior parte dos fãs de música, mas já fizeram por impor a sua presença no cenário do psych rock que por cá se faz. O trio guitarra-baixo-bateria proveniente de Lousada editou no ano passado “Cosmo”, um disco que cruza o rock instrumental com o stoner expansivo de uns Samsara Blues Experiment ou uns Electric Moon, e depois do Indie Music Fest faz a sua estreia no Reverence pronto a conquistar o nicho de onde, afinal, nasceu.

Riding Pânico | Dia 8 | 00h00 | Palco Rio
Riding Pânico têm uma longa história na cena musical portuguesa, e já podem ser considerados mais pais que filhos do mundo alternativo nacional. Com membros de grupos tão presentes hoje em dia, como PAUS ou Keep Razors Sharp, os seus integrantes já passaram o testemunho (e influência) a quem a estes círculos acaba de chegar – falo de Quelle Dead Gazelle e Galgo, por exemplo. Entretanto, contam dois discos do mesmo post-rock ambicioso, ébriamente melódico e visceralmente agressivo que se viria a repercutir nos descendentes que acima mencionámos e que, depois de passagens pelo Indie Music Fest e Milhões de Festa, não decepcionará os festivaleiros de Valada na sua primeira passagem pelo evento.

Thee Oh Sees | Dia 8 | 01h10 | Palco Rio
Dificilmente o nome será desconhecido a alguém do público deste Reverence Valada: as deambulações musicais de John Dwyer sob o epíteto de Thee Oh Sees geraram uma reputação que o precede, e que veio já influenciar a sonoridade de incontáveis grupos que trabalham o mesmo género de psych punk de tirar o fôlego. Pela segunda vez em um mês no país (passaram pelo Vodafone Paredes de Coura em Agosto e deixaram estragos a comprová-lo), apresentam “A Weird Exits”, o mais recente álbum lançado em 2016 que, em conjunto com “Mutilator Defeated at Last”, do ano anterior, forma uma combinação difícil de ignorar em disco – e ainda mais de perder ao vivo.

LSD & The Search for God | Dia 9 | 17h20 | Palco Rio
Um nome muito inconspícuo que não deixa margem para dúvidas do teor da sua música. LSD & the Search for God são intensos nos seus estados de espírito, abrasivos nos seus timbres e deixam pouco a desejar em matéria de peso. My Bloody Valentine é o primeiro nome que vem à mente, Slowdive logo em seguida – é o shoegaze puro e duro que habitam e dele que retiram a magia que prometem espalhar pelo Parque das Merendas no segundo dia de Reverence.

The Papermoon Sessions/Papir | Dia 9 | 18hoo  // Dia 10 | 17h30 | Palco Sontronics
No último dia de festival, Papir, trio dinamarquês que funde o psych com o krautrock em alongadas passagens instrumentais, promete envolver o público com as suas passagens ciclicamente repetitivas. No dia anterior, o grupo de Copenhagen une-se a Electric Moon, trio alemão de psych/space rock (que marcou presença e maravilhou no Reverence 2015), e juntos vão buscar influências ao noise e ao post-rock para uma experiência que decerto roçará o transcendental. Como The Papermoon Sessions, lançaram em 2013 um disco homónimo de deslumbrantes disposições, com que se apresentam agora aos fãs de Valada.

Dead Meadow | Dia 9 | 21h30 | Palco Sontronics
Numa vertente mais directa do stoner rock que invariavelmente abunda no Reverence, à Sleep, Truckfighters ou Electric WizardDead Meadow não têm mãos a medir no tamanho dos seus riffs ou agressividade de suas canções. Cinco álbuns e mais de 15 anos depois da sua formação, o grupo de Washington, D.C. impõe-se como um dos mais respeitáveis nomes do género musical graças à discografia coerente, habilidade técnica dos músicos e espectáculos ao vivo de proporções titânicas. Um facto a comprovar no palco principal de Valada.

A Place to Bury Strangers | Dia 9 | 00h50 | Palco Rio
Vêm de Nova Iorque e trazem consigo uma mescla de noise, psych e space rock que dificilmente não apelará aos gostos do público do Reverence. Depois de terem cancelado uma passagem por Portugal, A Place to Bury Strangers vêm agora preencher a lacuna, e de disco novo: Transfixiation, lançado no ano passado pela Dead Oceans, é o quarto longa duração do trio que exibe uma mais refinada combinação da brutalidade das guitarras e apelo pop das composições. Foi um dos melhores concertos da edição de 2014 do Reverence, a fasquia está alta, meus amigos.

Ozric Tentacles | Dia 9 | 03h30 | Palco Sontronics
Ozric Tentacles praticam música difícil de definir ou engavetar: embora o prog seja o estilo que mais imediatamente vem à cabeça, este imiscui-se em ares de psicadelismo, jazz, post-rock, alguma electrónica (da pouca a encontrar neste festival que geralmente desdenha do género) e mais um pouco de tudo a que Ed Wynne e companhia consigam colocar as mãos. Exploratórios com afinco, constantemente ambiciosos e com 30 anos e mais de vinte discos às costas, o grupo instrumental de origem inglesa faz o after-hours do segundo dia até às 6h da manhã, a quem restar estofo.

Mécanosphère | Dia 10 | 19h40 | Palco Rio
Talvez o mais diferenciado grupo a actuar nesta edição do Reverence Valada, é com Mécanosphère que encontramos os primeiros indícios de hip-hop. Não que seja este o estilo que melhor caracterize, no seu todo, a união entre o instrumentista francês Benjamin BrejonAdolfo Luxúria Canibal, nome acarinhado no festival desde a sua incepção, (encontrá-lo na primeira fila de um concerto não é difícil). Mas não se pode negar que, na sua música profundamente experimental, o hip-hop existe e funde-se com referências vindas do industrial, avant-gardefree jazz, spoken word e noise. Um dos mais originais grupos em actividade numa das suas raras apresentações ao público – uma combinação que tem tudo para ser imperdível.

The Damned Dia 10 | 21h20 | Palco Rio
Contemporâneos de Sex PistolsThe Clash, pioneiros do punk rock e mais tarde do gothic rock em Inglaterra, não há muito que se possa dizer acerca de The Damned que não tenha já sido repetido à exaustão – a não ser a estranheza de, vindo agora ao Reverence, não ter sido colocado no palco principal (principalmente considerando o infeliz cancelamento de Killing Joke). Mas há quem diga que bandas de punk pertencem aos pequenos palcos, e não será por falta de espaço que o público deixará de comparecer para presenciar o rock histórico dos britânicos.