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VOX NT15H: uma locomotiva de 15watts!

VOX NT15H: uma locomotiva de 15watts!

Nero

Agora que a Vox está prestes a lançar a segunda versão desta micro-locomotiva, relembramos o teste que fizemos, em 2009, ao primeiro modelo.

Hoje em dia é moda recuperar o visual vintage das máquinas áudio, não há marca que não ande a fazer essa recuperação, e o Night Train é uma excelente proposta nesse sentido também. Com a frente composta por uma grade prateada que permite ver as válvulas e o painel de controlos preto com botões de controlo chickenhead brancos [gain, bass, middle, treble e volume], além dos switches de on/off, bright/thick e o de opção para a voltagem ou stand-by, o visual da cabeça é bem sexy, bem rock n’ roll.

Mas um aplificador é avaliado pela sua capacidade sonora, obviamente, e este modelo… bom, apenas 15watts!? Sério!? É incrível o som que sai do Night Train. É verdade que não tive a oportunidade de o confrontar com um ambiente mais carregado, como uma sala de ensaios ou concerto, contudo parece perfeitamente capaz de aguentar-se numa situação dessas – pelo menos quando comparado com a berraria que um 100watts que tinha ao lado estava a fazer – isto porque tem uma característica fundamental, a sua tonalidade não fica enrolada, antes perfura e coloca-se na frente da parede sonora, quer em sons limpos, quer com distorção. Este não me parece ser um amplificador para aquelas equalizações em V, porque os médios deste “expresso nocturno” são uma das suas melhores características.

As duas válvulas EL84, mais as duas 12AX7 de pré, dotam o pequeno amp daquela sonoridade típica da Vox, aqueles tons encorpados e quentes. Já ouvi comentários depreciativos, no sentido de ser um modelo apenas para fazer frente ao Tiny Terror da Orange [já testado aqui num número anterior], mas penso que isso é algo infundado, sem estar a fazer qualquer tipo de comparação, os méritos desta peça da Vox bastam-se a si mesmos. As saídas para colunas são uma de 8ohms e uma de 16ohms.

lg_NT15H_front

PENTODE // Na potência máxima das válvulas [15watts] o Night Train tem uma saturação perfeita, brilhante e rica em médios, que não incorre em excessos quando é mais puxada, e consegue ter sempre uma riqueza harmónica intensa. A coloração de ganho tem uma resposta muito sensível e permite explorar cada sonoridade que se pretende com grande precisão e remove a necessidade de ter um controlo de presença, pois os controlos de médios e agudos bastam. Também tem uma característica que para mim é decisiva, sucede muitas vezes que o aumento de volume num amplificador remove características à equalização desenhada, com o Night Train isso não acontece, a resposta nesse campo permanece intocada. Assim o boost do pequeno amplificador é sempre irresistível, tem uma capacidade enorme de ter o som chegado “à frente”, com ataque e definição. Os sons limpos neste modo de potência são muito blues – sempre com o sentido de colocar a guitarra na frente do som.

TRIODE // Este modo de actuação é um paradoxo fantástico. Reduzindo a potência das válvulas para metade [7.5watts], o som ganha todo o cabedal que é típico da Vox. Ganha uma dinâmica de graves simplesmente incrível – quase como se tivessemos um Big Muff ligado – extremamente vintage, seco e com um excelente punch. O boost aqui é extremamente espesso. Parece especialmente pensado para o recurso a afinações mais baixas. Aqui os sons limpos vão buscar um corpo mais jazz na sua sonoridade, suaviza imenso os timbres da guitarra [experimentei-o com uma Wolfgang em afinação standard e uma Iceman afinada em B] e respeita imenso, mantendo sempre uma presença forte dos graves, a tonalidade de cada secção de pickup’s, se estamos a usar o bridge, o neck ou a junção de ambos isso é reflectido no Night Train em vez de indefinido.

BRIGHT – THICK // Este switch não é um controlo de alternância entre modo limpo ou com distorção, isso é sempre feito através do controlo de gain, mas precisamente entre ter uma tonalidade mais carregada de frequências médias-altas quando em bright; ou então, quando em thick soltar o gain das válvulas, dando um som mais pesadão e com mais força na distorção que fica obviamente mais carregada. Poderia era estar equipado com um controlo footswitch para facilitar a alternância entre os dois modos.