Quantcast
A despedida de Swans

A despedida de Swans

2017-10-09, Lisboa Ao Vivo
Pedro Miranda
8
  • 8
  • 9
  • 8
  • 6

O acumular das circunstâncias impediu que se retirasse o máximo possível desta experiência, muito embora a banda de Michael Gira se encontrasse na forma de sempre.

As digressões podem ser um empreendimento exaustivo para as bandas, principalmente quando os anos de estrada se acumulam nas suas costas. É o caso de Swans, que na tour de despedida desta sua tão aclamada formação têm tocado dia sim, dia não e de cidade em cidade, o que os levou a passar, na última segunda-feira, pela mais recente casa de concertos da capital, o Lisboa ao Vivo, na sua terceira atuação em território nacional deste ano.

O resultado não resiste em ficar aquém do esperado – veja-se, por exemplo, a estimada presença do grupo no NOS Primavera Sound deste ano – mas não pelos motivos mais óbvios. Musicalmente, a banda está, como sempre, no ponto: a instrumentação funde-se com óbvia mestria nos intensos crescendos que se desenvolvem por minutos sem fim, guiada pelos gestos de um Gira que, como maestro, parece conter em si toda a energia vital de uma música penetrante e profundamente enraivecida, mas também libertadora como poucas são.

Mas a fadiga esteve à mostra, e por mais que o apreço dos dedicados fãs de Swans também, as constantes reclamações por menos luz ou mais som (e até mesmo do ar condicionado) pecaram por impedir a experiência holística que é um grande concerto de Swans. Não que o bilhete não tenha valido a pena, muito pelo contrário – embora a falta de ambiente do espaço pudesse causar alguma frustração – o que, na verdade, ilustra perfeitamente o conceito de uma banda tão competente ao vivo que “mesmo quando é má, é boa”. Enquanto acontecimento supra-musical, no entanto, e à moda do que já nos habituaram, imperdível, já houve melhores instâncias para apanhar Michael Gira e companhia no formato “live”.

[carrega na foto para ver galeria / Fotos: Inês Barrau]